Um certo dia, o nosso herói popular, Malazartes, se encontrando sem nenhum dinheiro, encontrou no meio do caminho uma ruma de escremento ainda fresca.
Parou, curvou-se e cobriu o achado com o seu próprio chapéu,ficando de cócoras, segurando as abas, como se guardasse uma preciosidade.
Naquele momento ia passando um homem a cavalo, que curioso perguntou.
“O que está guardando aí, meu amigo?”
Malazartes levantou a cabeça bem devagarinho e olhando pro homem só com o canto do olho respondeu:
“Estou guardando o mais bonito e selvagem passarinho do mundo. Custou mais finalmente o peguei. "E o que vai fazer?" Perguntou de novo o homem.
"Vou esperar que passe um conhecido para vendê-lo ou mandar comprar uma gaiola e levar pra minha casa para ficar admirando sua beleza e seu canto."
"Quanto quer pelo passarinho?" Perguntou o homem curioso.
Malazartes sem pestanejar respondeu:
"Vinte mil."
"Está fechado, disse o homem descendo do cavalo. Tome o dinheiro e monte o meu cavalo e vá comprar uma gaiola para que eu possa levar essa raridade."
Malazartes mandou que ele segurasse com cuidado para o pássaro não voar, montou no cavalo, meteu o dinheiro no bolso, picou a esporas no animal e saiu em disparada.
O homem curioso que comprou o passarinho esperou, esperou e perdendo a paciência ou cutucado pela sua grande curiosidade, passou a mão para debaixo do chapéu, pensando em segurar a mais linda e valiosa ave do mundo, tendo no momento pegado na bosta mole e fedorenta, ficando com a mão suja, furioso por Ter sido enganado duas vezes, com o dinheiro e o cavalo, e sem poder castigar o astucioso Malazartes, que devido a sua curiosidade em torno do pássaro, não lembrava de sua fisionomia.